Boaro

  • Adriana Monteiro,  Boaro,  Furacão

    Furacão: A Voz Ancestral que Enxerga Além da Tempestade

     Furacão: A Voz Ancestral que Enxerga Além da Tempestade por Márcio Boaro A Cia Amok apresenta em Furacão um espetáculo de rara sensibilidade, no qual a força de uma mulher negra, Joséphine Linc Steelson, ressoa como um testemunho de um século de lutas e desilusões. Interpretada com beleza, leveza e potência por Sirlea e Thalyssiane Aleixo, Joséphine é uma personagem que não apenas atravessa o tempo, mas o compreende em sua profundidade, reconhecendo que as transformações sociais ocorrem, mas nem sempre com a velocidade ou a justiça esperadas. Baseado no texto do francês Laurent Gaudé, um autor de refinada sensibilidade, Furacão resgata a voz de quem esteve sempre à margem,…

  • Boaro,  Isabel Teixeira,  Teatro,  tuca

    Resenha: “Último Ato de uma Mulher de Teatro”

     Resenha: ” Último Ato de uma Mulher de Teatro ” Por Márcio Boaro A morte é um dos temas mais recorrentes da dramaturgia, mas raras vezes é tratada com tanta leveza, humor e agulho quanto em “Jandira – Em Busca do Bonde Perdido”. Última obra escrita por Jandira Martini, a montagem não se limita a um relato sobre a finitude, mas se expande para celebrar a vida, o teatro e o próprio ofício da atriz e dramaturga. Sob a direção de Marcos Caruso, parceiro artístico de Jandira por quatro décadas, e interpretada com exatidão por Isabel Teixeira, o espetáculo se constrói como um jogo de memórias e reflexões, onde a…

  • Boaro,  Cia da Memória,  Ruy Cortez,  SESC,  SESC Consolação,  tchekhov,  Teatro

    O Jardim das Cerejeiras: Entre o Cuidado Estético e a Crítica Social

     O Jardim das Cerejeiras: Entre o Cuidado Estético e a Crítica Social  Por Márcio Boaro No espaço onde Antunes Filho nos brindou por décadas com criações memoráveis, o Teatro Anchieta, no SESC Consolação, agora floresce sob as cerejeiras de Tchekhov, conduzidas pela visão sensível de Ruy Cortez e a Cia da Memória. A montagem de O Jardim das Cerejeiras não apenas encanta pela estética, mas provoca reflexões profundas sobre a decadência da aristocracia, o avanço da burguesia e a persistente invisibilidade da classe trabalhadora.  Se há uma palavra que sintetize o espírito dessa montagem, ela é “cuidado”. Cada elemento cênico parece calculado para transportar o espectador a uma imersão sensorial…

  • Boaro,  Matheus Solano,  O figurante,  Teatro,  Teatro Renaissance

    “O Figurante” – A Poética da Invisibilidade

    Na solidão de um palco nu, Mateus Solano encarna Augusto em seu primeiro monólogo, um figurante apaixonado pelo que faz, mas eternamente à margem, preso a uma existência que não lhe concede o desejo de exercer plenamente o ofício de ator. Entre sonhos e funções que parecem nunca se concretizar, Augusto luta por dignidade em um mundo que o silencia, onde cada tentativa de “ir além” é anulada pela indiferença. Há em sua jornada ecos das peças de Franz Xaver Kroetz, com suas paisagens de cotidiano vazio, que expõem a banalidade como um reflexo profundo da condição humana. Sob a direção sensível de Miguel Thiré, “O Figurante” transforma essa luta…

  • Boaro,  Jorge Luis Borges,  Marcello Airoldi,  Samir Yasbek,  SESC,  SESC Pinheiros,  Teatro

    O outro Borges

    Na estreia de ‘O Outro Borges’, minhas expectativas já eram elevadas, considerando o tema, dramaturgo, elenco e direção. Contudo, o espetáculo não apenas as atendeu, mas as superou. Foi uma apresentação poética e bela, marcada pela harmonia excepcional entre direção e elenco. O título da peça brinca com um conceito profundamente presente na obra do escritor argentino Jorge Luis Borges: o duplo. O dramaturgo Samir Yazbek, ao escolher o conto ‘O Aleph’ como base para a peça, demonstrou uma cuidadosa pesquisa, incorporando também elementos da vida real de Borges, incluindo suas relações com a política argentina. Um dos pontos altos da peça é a forma como o realismo fantástico é…