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Meu nome: Mamãe – A universalidade do gesto íntimo
Resenha por Márcio Boaro Entre causos nordestinos e memória íntima, Aury Porto constrói um gesto de resistência delicada diante da perda. Em diferentes momentos da história recente do teatro e da dança, a força do corpo na construção da narrativa revelou-se com intensidade notável. Em 1997, na montagem de A Resistível Ascensão de Arturo Ui dirigida por Heiner Müller, o ator transmutava-se em cena: surgia como um cão e, lentamente, transformava-se em Hitler, através de uma fisicalidade precisa que amplificava visceralmente a narrativa de Brecht. Da mesma forma, Café Müller, criação emblemática de Pina Bausch, expõe a naturalização da violência física: ao longo da cena, uma personagem vai se acostumando…